sexta-feira, 27 de maio de 2011

Testes físicos também reprovam candidatos a concursos públicos

Fôlego e força não são qualidades necessárias aos “concurseiros” apenas para enfrentar a maratona de questões de um processo seletivo. Dependendo do cargo ao qual se esteja concorrendo, os estudantes têm ainda de mostrar muita disposição e preparo para superar os testes físicos, que em alguns casos reprovam, segundo números não oficiais, até 40% dos concorrentes.

Executar um número mínimo de barras, flexões, abdominais, saltos e correr uma grande distância em tempo limitado são práticas muitas vezes tão ou mais complicadas que acertar as perguntas sobre Língua Portuguesa, informática, ou legislação. Porém, de acordo com o professor de Educação Física Walter Molina, ainda é comum os “concurseiros” negligenciarem a preparação física.

Ele conhece casos extremos, como o de um potiguar aprovado em 4º lugar nas provas escritas de um concurso nacional para a Polícia Federal, em 2010, e que terminou perdendo a vaga devido ao não cumprimento das exigências nos testes físicos. Levantamentos informais, em nível nacional, apontam que nos concursos mais exigentes a reprovação nessa fase do certame chega a ser de dois em cada cinco candidatos.

Atualmente, o concurso dos Correios, para os cargos de carteiros e operador de triagem e transbordo, é um dos que exige a preparação. A avaliação de aptidão física constará da realização de flexões na barra fixa, teste de força no dinamômetro e corrida de 12 minutos. Os parâmetros variam conforme o sexo. Para os homens, por exemplo, será exigido um mínimo de três flexões na barra e 2.200 metros de corrida.

Em outras áreas, como as de polícia e das forças armadas em geral, os testes são ainda mais amplos e exigem uma forte preparação. “O teste físico da Polícia Federal é para um verdadeiro atleta”, resume Walter Molina, pós-graduado em Treinamento Desportivo e que presta assessoria esportiva através da “Natal Runner”.

Para quem vai enfrentar concursos com avaliação física, o fundamental é ler o edital com atenção, observando cada detalhe exigido nos exercícios, montar um treino com antecedência e focar no que é cobrado, além de buscar, se necessário, ajuda especializada.

Bate-papo com o Prof. de Educação Física Walter Molina


Tribuna do Norte - Teste físico ainda reprova muita gente nos concursos?
Walter Molina - Muita. Fiz palestras em um cursinho recentemente e notei que os candidatos se capacitam demais na prova objetiva, estudam, investem tempo, dinheiro, abdicam de muita coisa, mas não investem em treinamento e no final o teste físico reprova bastante.

Fala-se em até 40%, chega a isso?
Sim, dependendo do concurso há muitas reprovações nos testes.

Qual o principal erro?
Deixar para a última hora, quando sai o resultado da prova objetiva. Muitas vezes não dá tempo de correr atrás. Essa preparação tem de ser paralela aos estudos. Só para ilustrar, uma pessoa que não faça nenhuma barra fixa, ou que não tenha esse hábito, demora em média de 20 a 30 dias para conseguir fazer a primeira. E entre o resultado das provas e o teste físico não dá tempo. Nos Correios, por exemplo, vão ser exigidas três barras. E das reprovações em testes físicos, 90% são na barra fixa.

E mesmo quem já tem algum condicionamento, é importante focar a preparação nos exercícios exigidos?
Certamente.

Caso contrário até o emocional pode pesar contra?
Com certeza. E não é só isso. A atividade física é um complemento dos estudos, porque melhora o condicionamento físico e pulmonar. Melhorando isso você melhora até sua postura nos estudos. Você passa mais tempo sentado sem sofrer com dores nas costas, desconforto, incômodo, porque o estudante normalmente começa sentadinho, depois vai escorregando na cadeira e já, já está deitado. Mais que isso, a melhoria do condicionamento físico se reflete em uma melhor concentração e na questão do fluxo sanguíneo, que melhora, o que facilita o aprendizado, evita os “brancos”, aumenta a disposição para os estudos e a concentração na atividade.

E nos testes o que geralmente é exigido?
Nos Correios teremos barra, corrida e dinamômetro, que é o teste de força e se torna uma incógnita, porque não se encontra dinamômetros para treinar. Então é preciso treinar força nesses casos, porque quando o candidato chega nos testes muitas vezes não sabe nem o que é um dinamômetro.

E nos demais concursos?
O mais comum é a exigência de abdominais, a corrida de 12 minutos, os saltos em altura e em distância, as flexões de braço.

Se o candidato de vez em quando já faz uma corrida, ou pratica um futebol no fim de semana, é suficiente, ou necessita um treinamento diferenciado?
É preciso o treinamento específico. A corrida para um teste físico é diferente de uma corrida leve. É preciso de um ritmo forte, pois é uma corrida em torno de 10 a 12 km/h, uma corrida realmente efetiva. Já na barra, por exemplo, a Polícia Militar exigia apenas duas repetições e mesmo assim se teve dificuldade com os candidatos, porque as pessoas não estavam preparadas. Muitas sofreram e algumas não conseguiram passar nos testes.

E não há possibilidade de abrir brechas?
Está no edital, tem de fazer. Hoje o pessoal que aplica esses testes é altamente preparado (o processo é inclusive filmado, para dirimir dúvidas, ou servir de prova em ações judiciais posteriores). E algo que tenho percebido é que as pessoas simplesmente não leem o edital. Tem lá a prova física, mas as pessoas não se preocupam em ler. Esperam para ver o edital somente depois de passar na prova objetiva. Alguns já estão mais preparados e conseguem cumprir os testes, mas o risco é grande.

E a demanda dos candidatos pela preparação física como está? Por exemplo, para os Correios?
Ainda é pequena. Estamos tentando montar agora uma turma, para os Correios, o mais rapidamente possível, porque o concurso já está aí.

E além dos Correios, o pessoal já deve ir se preparando para os próximos?
Com certeza. Temos agora os Correios, mas ainda virão diversos concursos na área policial, devido principalmente ao fato de termos a Copa de 2014 vindo por aí. Provavelmente este ano já teremos os de oficial da Polícia Militar e está na eminência de sair o da Polícia Federal, que é a menina dos olhos dos estudantes e cuja prova física é para atleta, então não pode negligenciar de forma alguma, porque a reprovação é muito alta. É preciso sobretudo um planejamento, onde podemos envolver, além dos treinamentos, a questão da alimentação, do descanso e outros aspectos.

Entendas as principais regras do teste físico

As exigências na execução dos exercícios variam conforme o concurso. É fundamental o candidato verificar os detalhes e modificações existentes em cada edital.

Barra fixa

:: Para a posição inicial é exigido manter os braços estendidos e o corpo na vertical, sem contato com o solo;

:: Os cotovelos devem se flexionar simultaneamente e o queixo tem de ultrapassar a parte superior da barra, sem se apoiar, e retornando à posição posição inicial, com os cotovelos novamente em extensão total.

:: Não é permitido ao candidato tocar o pé no solo ou em qualquer parte de sustentação da barra, após o início das execuções, mas a flexão das pernas é geralmente aceita.

:: Não é permitido receber qualquer tipo de ajuda física, nem utilizar luva ou outro material para proteção das mãos.
:: Quem não atingir a performance exigida na primeira tentativa, normalmente tem direito a uma segunda, minutos depois.

Corrida

:: Normalmente incluem percursos de 12 minutos, dentro dos quais os candidatos têm de atingir uma distância mínima.

:: É permitido seguir em qualquer ritmo, até mesmo caminhando, ou parando e voltando a correr.

:: O candidato não é autorizado a abandonar a pista durante o teste, nem dar ou receber qualquer tipo de ajuda física.

:: Com relação às corridas, não se costuma oferecer segunda tentativa.

Saltos

:: A posição inicial no salto horizontal exigido em concursos como o da Polícia Federal é atrás da linha de medição inicial, em pé, parado e com os pés paralelos, sem tocarem a linha.

:: O candidato deve saltar à frente com movimento simultâneo dos pés. A marcação da distância será a partir da linha de medição inicial, até a marca no solo de qualquer parte do corpo do candidato que estiver mais próxima da linha.

:: Geralmente é concedida uma segunda tentativa, levando-se em conta o melhor salto.

Fonte: Tribuna do Norte, via Portal da Ed. Física 
Temos como intuito postar notícias relevantes que foram divulgadas pela mídia e são de interesse do curso abordado neste blog. E por isso esta matéria foi retirada na íntegra da fonte acima citada, portanto, pertencem a ela todos os créditos autorais. .

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