terça-feira, 5 de abril de 2011

Novo gel para implantes ósseos tem menos chances de rejeição

Um novo gel criado por pesquisadores da Unicamp pode ser uma solução mais eficaz para o preenchimento ósseo, em pequenas fraturas e implantes dentários.

Diferente da maioria dos materiais usados nesses procedimentos, o hidrogel desenvolvido pelo Instituto de Química da universidade tem uma composição semelhante à do osso.

É formado por elementos inorgânicos e orgânicos, o que diminui as chances de o corpo rejeitar o implante.

Essa eficácia foi comprovada em sete testes in vitro, nos quais células ósseas aderiram ao material. Os testes também não mostraram que o hidrogel era tóxico.

A química Geovanna Pires, que desenvolveu o produto, criou um composto formado por hidroxiapatita, material que dá rigidez à substância, e por quitosana, componente orgânico similar ao colágeno do osso.

"Enquanto o hidrogel é absorvido pelo organismo, o osso vai ocupando o espaço e se recompondo", diz Pires, que trabalhou quatro anos nesse projeto.

A textura do hidrogel permite que ele seja moldado e cortado pelos médicos exatamente do tamanho do local em que houve a lesão. "O médico só preenche o buraco, o organismo faz o resto."

Outros materiais usados nessas operações, como pós, grânulos, blocos ou pastas de fosfato de cálcio e colágeno não apresentam todas essas vantagens.

O pó e o grânulo podem não se fixar e acabar se espalhando pelo corpo. Já a pasta não apresenta a porosidade do hidrogel, o que dificulta o transporte de células entre osso e enxerto.


Implante

Para o cirurgião dentista Felipe Arcas, consultor da Associação Brasileira de Odontologia, é a possibilidade de manipulação do hidrogel a sua maior vantagem.

"Ele vai poder ser trabalhado pelo próprio cirurgião na hora de operar", diz.

Segundo Arcas, o material poderia substituir também o uso de ossos do próprio paciente em operações de implante dentário.

Nesses casos, a perda de um dente geralmente causa a retração do osso na região. E o cirurgião tem de repor o que foi perdido para fixar os parafusos do implante.

"Seriam duas operações, uma para a retirada do osso e outra para colocá-lo. O hidrogel pouparia esse tempo."

Pouparia também lesões, na opinião de Maurício Kfuri Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico. "Ao retirarmos parte do osso, lesionamos uma área que antes não tinha nada", afirma o ortopedista.

A técnica, porém, não pode ser usada em qualquer tipo de cirurgia, como ressalva a química Inez Valéria Yoshida, orientadora do estudo.

"Por ser um hidrogel, ele só é conveniente quando não há pressão sobre o osso."

Caso contrário, o peso e o movimento dos membros causariam desgaste do material, daí a indicação principal ser para fraturas na face.

Os pesquisadores aguardam agora os testes em animais e em pessoas. Pires calcula que em seis anos o gel já poderá ser comercializado.

Por Guilherme Genestreti

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