segunda-feira, 30 de julho de 2012

Exercícios físicos e a leitura são as atividades mais postergadas por brasileiros

exercicios-fisicos-e-a-leitura-sao-as-atividades-mais-postergadas-por-brasileirosFazer exercícios físicos e dedicar um tempo à leitura são as atividades mais postergadas por brasileiros, segundo pesquisa. Diferentemente de se casar e comprar um imóvel, planos que têm lugar cativo na lista de prioridades.

Ainda é cedo, o despertador toca, mas logo o botão “soneca” é ativado. Afinal, mais 10 minutinhos não matam ninguém. Outros dois, três, quatro chamados e não dá mais para postergar, o dia chama e tem pressa. Depois do café, toda aquela louça na pia pede para ser lavada, mas só na hora do almoço. Melhor, ela pode esperar até o jantar. No trabalho, a caixa de e-mails está lotada e você não sabe por onde começar. Os dias passam e, depois de uma semana, você percebe que esqueceu de dar aquela resposta importante. Em casa, o livro comprado há mais de mês continua enfeitando o criado-mudo e o marcador ainda aponta para as primeiras páginas. Adiar, adiar e adiar. Das mais simples e corriqueiras às mais complexas tarefas, várias vezes nos pegamos deixando para depois o que deveríamos ter feito ontem.

Em uma pesquisa aplicada pela internet, 97,4% entre os mais de 4 mil participantes de 22 estados brasileiros entrevistados admitiram procrastinar atividades ao longo de suas rotinas. O levantamento realizado pela empresa Triad Productivity Solutions revelou que as quatro coisas que as pessoas mais adiam são exercício físico, leitura, saúde e planejamento financeiro (veja quadro). Do lado oposto, casamento, comprar um apartamento, mudar de emprego e férias são as atividades que as pessoas menos protelam.

A idade média dos participantes que responderam ao questionário on-line é de 32 anos, sendo 56% homens e 44% mulheres. Do total, 80% estão atualmente empregados e 60% são solteiros. De acordo com Christian Barbosa, um dos organizadores da pesquisa, aquilo que é pessoal e que não é socialmente cobrado está entre as principais coisas que as pessoas vão deixando eternamente para depois. “O exercício físico, por exemplo, não é como uma tarefa que você tem de desempenhar no seu emprego. Não tem cobrança externa, de um chefe, ou de qualquer outro terceiro. É você com você mesmo”, explica Barbosa.

Fernanda da Rocha Teixeira tem apenas 25 anos e já é dona do próprio escritório de advocacia. Sua área de atuação é em direito trabalhista. Todos os dias, antes das 9h, Fernanda está em alguma audiência nos tribunais da cidade ou analisando uma pilha de processos em sua sala. Os prazos sempre apertados e a rotina cansativa fizeram com que a advogada, só na semana passada, cancelasse três consultas médicas.Em meio à correria, os exercícios físicos também vão ficando para trás.

“Tem dois anos que comecei a advogar e, nesse período, já engordei oito quilos. Minha nutricionista já me deu até uma bronca. Antes, eu tinha uma vida muito mais regrada, com uma alimentação bem melhor. Agora, há dias que eu não tenho tempo de almoçar direito, só faço um lanche depois da audiência”, conta. A grade horário também a faz “matar” quase toda semana a aula de balé, iniciada há três meses. O jeito encontrado por Fernanda para não abandonar de vez os exercícios físico é levar um patins no porta-malas do carro. “Assim, quando eu saio um pouco mais cedo do trabalho e ainda tenho algum ânimo, vou para o Parque da Cidade e patino”, conta.

Mas há dias que a preguiça mental e física são tão grandes que, mesmo quando sobra tempo, a única coisa que Fernanda quer é algo que não exija pensar muito nem mexer o corpo. “Quero descanso total, ver um filme, tevê, escutar música. Às vezes, não tenho ânimo nem para encarar meus livros pessoais. Eu estou com dois empacados, um é a biografia da Frida Khalo, que já está no final, mas eu não consegui terminar. E o outro é o On the road.”

Se exercícios físicos, livros e consultas médicas ficam para depois, a compra do primeiro imóvel não esperou nem 15 dias. Quando a jovem advogada resolveu que era a hora de ter a própria sala comercial, procurou uma imobiliária, viu as melhores opções e logo financiou uma unidade, ainda na planta, no primeiro lote de vendas do empreendimento. “Em dois anos, minha sala já estará pronta”, empolga-se. Segundo Marcelo, falta energia para realizar uma série de atividades

Boom econômico

De acordo com Barbosa, a agilidade em se casar e comprar imóveis tem a ver com o boom econômico vivenciado no Brasil nos últimos anos. “Juntou a fome com a vontade de comer, já que o momento econômico está propício. As pessoas agora têm a oportunidade de comprar a própria casa e querem fazer planos para a vida a dois.”

Já os motivos que levam as pessoas a procrastinarem tarefas corriqueiras, segundo o especialista, são muitos. Entre os apontados pelos entrevistados, o que mais apareceu foi a distração com a internet. Esse é o caso da estudante de publicidade Gabriela Gonçalves. Aos 20 anos, a jovem trabalha em uma agência de comunicação e é uma das responsáveis pelas mídias sociais dos clientes da empresa. Sua função é justamente ficar conectada o tempo todo no Facebook, no Twitter, no Foursquare e por aí vai. “Enquanto estou no computador, fico nas redes sociais. Isso no trabalho, mas também quando chego em casa ou mesmo do celular. É o tempo todo conectada”, conta.

Já que trabalha de manhã e à tarde e estuda à noite, Gabriela conta que o único momento que sobra para cuidar da saúde é a hora do almoço. “Eu fazia academia nesse horário, mas, de um tempo para cá, não tenho ido mais porque fico no computador. Quando vejo, já acabou meu intervalo do almoço e eu nem levantei da cadeira”, conta. A jovem admite que, muitas vezes, ela se “autossabota” e esquece a bolsa da academia em casa para ter uma boa desculpa para a falta. “Acho que eu acabo adiando muita coisa na minha vida. Me incomoda um pouco, sei que dava para eu ter uma vida mais saudável, mas é mais forte do que eu”, confessa Gabriela.

Na lista dos motivos pelos quais as pessoas procrastinam as mais diversas atividades, o segundo a aparecer é a falta de energia: mal que abate as pessoas que vivem cansadas e que está longe de ser a exceção nos dias de hoje. Marcelo Rodrigues Moura tem 36 anos e é gerente de dois estabelecimentos gastronômicos do Complexo Empresarial Brasil 21. Todo dia, chega ao trabalho às 7h e só sai depois das 22h. “Quando penso em fazer exercício físico, fico com preguiça. Quase nunca procuro um médico também. Às vezes, a gente tem planos para fazer tudo isso quando tiver uma folga, mas quando consegue, você só pensa em dormir, não dá vontade nem de arrumar a casa”, conta. Marcelo complementa que, ultimamente, não tem feito nada além do trabalho, já que, mesmo em casa, as preocupações com as obrigações da gerência continuam.

Sinal de alerta

De acordo com Barbosa, apesar de ser muito comum ouvir que o Brasil é o país da última hora, que somos culturalmente procrastinadores, não há nada de errado em postergar de vez em quando. O problema é quando isso começa a ficar crônico e as pessoas passam a adiar com frequência coisas importantes, como a saúde e os próprios sonhos. Barbosa conta que uma pesquisa semelhante realizada anteriormente em Stanford, nos Estados Unidos, detectou que o mesmo acontece com os norte-americanos. “Mas chegou-se à conclusão de que é possível chegar, por exemplo, ao topo da carreira com qualidade de vida. Vários presidentes de grandes empresas conseguem isso porque tiveram a habilidade de treinar o cérebro para quebrar a procrastinação”, alerta.

Para a professora de sociologia da Universidade de Brasília Mariza Veloso, colocar o brasileiro como procrastinador é um estereótipo, mas, de certa forma, também uma verdade. “Isso porque o brasileiro foge da mentalidade capitalista, racionalizante. O Brasil representa uma modernidade muito diferenciada. Nosso tempo é outro, não é tão cronometrado. Somos uma fusão do arcaico com o moderno”, avalia. Segundo ela, é a junção de todos esses resquícios que acabam por refletir em nosso comportamento.

“O Brasil representa uma modernidade muito diferenciada. Nosso tempo é outro, não é tão cronometrado. Somos uma fusão do arcaico com o moderno”  Mariza Veloso, professora de sociologia da Universidade de Brasília ´

Fonte: Correioweb, via Portal da Ed. Física
Temos como intuito postar notícias relevantes que foram divulgadas pela mídia e são de interesse do curso abordado neste blog. E por isso esta matéria foi retirada na íntegra da fonte acima citada, portanto, pertencem a ela todos os créditos autorais.

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