quarta-feira, 22 de junho de 2011

Crianças que praticam esportes também devem fazer exames

Quando pensamos em crianças e prática desportiva, a associação mais clara é que os dois são grandes aliados. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados antes de matriculá-las em atividades físicas. Exames simples de rotina, feitos por um pediatra, podem apontar possíveis doenças que transformam os exercícios em potenciais inimigos. “É um erro pensar que só porque são crianças, não têm nenhum tipo de problema”, alerta o cardiologista pediatra do Instituto de Cardiologia do Distrito Fereral Maurício Jaramillo.

Esse é o caso de Vítor Oliveira, 16 anos, que descobriu recentemente uma má-formação do coração: a doença cardiovascular da válvula bicúspide. O tenista só ficou sabendo após ser obrigado a fazer exames cardiológicos para participar de uma competição na França. “Nós nem podíamos imaginar que ele tinha esse problema”, conta a mãe, Valéria Oliveira. Embora a doença de Vítor não seja um empecilho para praticar esportes, ele precisa fazer um acompanhamento médico para não ter complicações no futuro. “Estou tomando todos os cuidados com a minha filha que vai começar a jogar tênis também. Se ela realmente quiser participar de competições, vou levá-la ao cardiologista”, diz Valéria. Fernanda Oliveira, 10 anos, já dança balé e agora quer seguir os passos do irmão.

Má-formações congênitas, arritima, lesões obstrutivas do coração e doenças em que o músculo cardíaco aumenta são as mais perigosas para quem faz esportes com intensidade. Elas podem ser detectados ainda na infância e prevenir problemas mais graves. “Isso não impede a prática uma atividade física, mas muda a forma como deve ser feita. Os pais devem investir em prevenção desde a infância”, frisa Jaramillo.

O também cardiologista pediatra do Instituto do Coração de São Paulo Edmar Atik avisa que não há motivos para pânico, mas que as doenças do coração não são tão raras em crianças como se pensa. “A estatística é de que oito a cada mil nascidos vivos tenham alguma cardiopatia”, afirma. Muitas delas não apresentam sintomas e só vão se manifestar na vida adulta.

Ele explica que exames cardiológicos são necessários apenas para crianças e adolescentes que querem começar a praticar exercícios visando competições: “É melhor não submetê-los a um risco desnecessário. À medida que vão crescendo, aumenta a necessidade de ir ao cardiologista”. A dica de Atik é avaliar o histórico da família da criança e levá-la, periodicamente, ao pediatra para análise clínica. “Hoje em dia, tanto nas escolas quanto nas academias é preciso ter atestado médico para praticar exercícios. Isso já é um tranquilizante. O importante é que a criança não seja sedentária”, afirma.

Conscientes

Júlia Cavalheiro, 8 anos; Gabriel Carvalho, 6; e Isabella Carvalho, 2, passam pelo menos três manhãs inteiras por semana se dedicando às atividades físicas. Na academia diversas atividades são oferecidas e os pequenos podem fazer aquelas que mais gostarem. Júlia, por exemplo, escolheu natação, ginástica de solo, balé e aula de circo. Gabriel, futsal, natação, judô, capoeira e circo. A pequena Isabella está só na ginástica de solo.

Ângela Marques, mãe de Gabriel e Isabella, elogia o comportamento da academia em relação aos filhos: “Sem o parecer do médico, eles não podem começar as aulas”. Ela lembra que ficou mais atenta ao coração dos filhos depois de ouvir histórias sobre crianças que tiveram problemas. “Tenho medo de que aconteça algo ruim com eles. Todos os anos volto ao médico para saber como eles estão”, reforça.

Carla Cavalheiro, mãe de Júlia, toma as mesmas precauções. “Os exercícios físicos só trazem vantagens para ela. A Júlia melhorou muito na escola depois que começou a praticar esportes. Acho que o importante é garantir que ela tenha uma boa alimentação e todos os exames em dia”, comenta.

Consulta ao pediatra

O professor da cadeira de pediatria da Universidade Católica de Brasília Rodolfo Giugliano explica como é avaliada a condição de saúde da criança para praticar esportes.

1. Avaliação da história clínica
“Investigamos se a criança tem problema de desmaio, por exemplo, que pode indicar problema no coração. Verificamos, também, o histórico familiar, para saber as probabilidades de desenvolver doenças do coração.

2. Exames
“Exames de sangue, fezes e urina são importantes para ver se as funções do corpo estão normais. No exame de sangue detectamos anemia, que é uma doença muito comum em crianças e pode atrapalhar na hora de fazer um esporte.”

3. Ouvindo o coração
“Com a ajuda do estetoscópio é possível ouvir os sons do coração e verificar algum problema. Caso seja necessário, a criança é encaminhada ao cardiologista pediatra.”

Cuidados ortopédicos

Além do coração, os pais devem ficar atentos a ossos, tendões e ligamentos dos filhos. Isso porque eles estão em fase de crescimento, uma época que pode ser muito delicada. Segundo o ortopedista do Centro de Ortopedia e Fraturas, Marcelo Sermer, o esporte ideal para começar é a natação, que oferece pouco risco de lesões. “À medida que a criança vai ficando maiorzinha, já pode colocá-la no basquete, no futebol. Quando é muito pequena, fica difícil de ela atingir os objetivos dentro desses esportes”, explica.

E nada de acreditar em mitos como o de que criança que pratica ginástica artística vai ficar baixinha ou que basquete e vôlei vão deixá-la mais alta. “Cada esporte precisa de um biotipo. As pessoas que se destacam é porque se encaixam nele. Nenhum esporte vai transformar uma pessoa que seria alta em baixa e vice-versa”, alerta Marcelo.

Para o professor de ortopedia da Universidade de Brasília (UnB) Gustavo Velloso é importante que a criança pratique esporte, mas de forma lúdica: “Ela está em crescimento, por isso pode desenvolver deformidades e dores se fizer exercícios com muita intensidade”. Os dois médicos concordam: o segredo para manter os pequenos sem problemas é uma alimentação saudável e a prática de esportes sem exagero, não importa a modalidade.

Exames mais comuns

Eletrocardiograma: O exame serve para analisar ou verificar doenças cardíacas, em especial arritmia. Nele, um aparelho registra as alterações de potencial elétrico entre partes diferentes do corpo, geradas a partir da atividade elétrica do coração.

Ecocardiografia: Utilizando um aparelho de ultrassom é possível ver a estrutura e o funcionamento do coração. Além disso, por meio de uma escala de cores o médico consegue identificar a direção do fluxo do sangue dentro das cavidades do órgão.

Teste ergométrico: Permite avaliar a capacidade cardiorrespiratória da pessoa durante a prática de alguma modalidade de esforço físico. Os médicos monitoram o paciente com auxílio do eletrocardiograma enquanto fazem esteira ou bicicleta. O esforço é feito gradualmente e o paciente é avaliado desde o repouso.

Holter: É um aparelho portátil que monitora continuamente o coração do paciente por 24 horas ou mais. Com ele é possível observar arritmias cardíacas ocasionais que seriam mais difíceis de ser identificadas em um exame de curta duração como o eletrocardiograma.



Temos como intuito postar notícias relevantes que foram divulgadas pela mídia e são de interesse do curso abordado neste blog. E por isso esta matéria foi retirada na íntegra da fonte acima citada, portanto, pertencem a ela todos os créditos autorais

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